31 de julho de 2010

Que fazer com sentimentos contrários?


Bom dia Meu Filho, Minha Filha!

Como é possível que uma pessoa em férias não se sinta descansada? Como é possível que uma pessoa que dá grandes passeios não se sinta livre? Como é possível que uma pessoa sem obrigações nenhumas não se sinta em paz?

Não te espantes se tiveres sentimentos contrários: uns a puxar para um lado, outros a puxar para outro. Isso é normal. Mas, por isso mesmo, deves habituar-te a ler e a distinguir sinais. Repára nas nuvens: acontece muitas vezes, uma camada de nuvens mover-se numa direcção; e outra camada, mais alta ou mais baixa, mover-se noutra. 

Assim também deves olhar para o que se passa dentro de ti. Tens que aprender a distinguir com simplicidade o que é de valorizar e o que é de relativizar.

Um abraço deste Pai que te ama

24 de julho de 2010

E se fosses o outro?


Bom dia Meu Filho, Minha Filha!

É bom que repares no teu modo de olhar os estranhos; é que, por vezes, és tu o estranho. É bom que prestes atenção aos que te pedem ajuda; é que, noutro momento, foste tu o que precisou de  ajuda. É bom que tenhas cuidado na relação com os doentes; é que, um dia, serás tu o doente.

Sempre que puderes experimenta fazer este exercício de imaginação: e se fosses o outro? O que sentirias? Como gostarias de ser tratado? O que serias capaz de fazer por ele?

Só se vê bem com o coração. Quando és capaz de te pôr no lugar do outro, sintonizas com o seu coração. E se o teu coração muda, o teu olhar muda. Então tudo muda. E tu tornas-te capaz do que antes te parecia impossível.

Um abraço deste Pai que te ama 

17 de julho de 2010

Herói ou ídolo?


Bom dia Meu Filho, Minha Filha!

Perante as pessoas que mais admiras, existe sempre um perigo: podem ser heroínas enquanto modelos que te movem a ser melhor; mas podem tornar-se ídolos enquanto figuras no alto do pedestal que te deixam na mesma.

Uma figura pública, um artista, um santo, pode ser um herói enquanto aprendes com ele e ganhas forças para o teu caminho; mas pode tornar-se um ídolo quando projectas nele toda a tua esperança. Um grande homem pode ser herói enquanto alimenta o espírito dos mais fracos; mas pode tornar-se um ídolo quando é do espírito dos mais fracos que se alimenta.

Um grande homem nunca deixa de ser um grande homem. Mas a tua atitude pode torná-lo um ídolo ou um herói.

Um abraço deste Pai que te ama

10 de julho de 2010

Serei minucioso

Bom dia Meu Filho, Minha Filha!

Nada há encoberto que não venha a descobrir-se. Nada há oculto que não venha a conhecer-se*. Um dia, quando finalmente nos encontrarmos face a face, faremos um balanço da tua vida. Recordaremos juntos tudo o que fizeste, de bom e de menos bom.

E garanto-te que serei minucioso. Serei especialmente minucioso quando recordarmos o bem que espalhaste à tua volta. Se até os cabelos da tua cabeça os tenho contados quanto mais não me hei-de preocupar em registar o bem que fazes em cada dia. De nada me esquecerei. 

Mas entretanto já sei qual será a parte mais consoladora e divertida: será quando ouvires a lista de tanto bem que fizeste sem que te apercebesses. Mas, por agora, preocupa-te em fazer o bem, bem feito. Teremos tempo para o saborear.

Um abraço deste Pai que te ama

[*Mt 10, 24-33]

3 de julho de 2010

Cristianismo a remos ou à vela?

Bom dia Meu Filho, Minha Filha!

Ofereço-te a escolha entre dois modos de cristianismo. Há o cristianismo a remos e há o cristianismo à vela. No cristianismo a remos, a pessoa confia no seu esforço, avança à força de músculo espiritual. No cristianismo à vela, a pessoa recebe o que a Natureza tem para lhe dar, avança ao sabor do vento.

A grande diferença é que no cristianismo a remos, a pessoa vai de costas para o objectivo e, mais tarde ou mais cedo, perde o sentido e cansa-se. No cristianismo à vela, a pessoa tem os olhos postos no objectivo e aproveita a força do Espírito para avançar.

Claro que, por vezes, é necessário recorrer aos remos. Mas quanto mais confiares na minha força, e menos na tua; quanto mais puseres os olhos em Mim, e menos em ti; mais ligeiro será o caminho. 

Um abraço deste Pai que te ama
[Nota: texto inspirado numa homilia do Pe. João Norton no CUPAV]